Investimento milionário em decoração natalina escancara descaso do GDF com prioridades sociais
No coração do Distrito Federal, o brilho da ornamentação natalina da Esplanada dos Ministérios para o projeto “Nosso Natal 2024” contrasta dolorosamente com a escuridão das reais necessidades da população. Com um custo astronômico de R$ 14,3 milhões, o evento, já envolto, em acidentes por falta de organização, em escândalos de superfaturamento e investigações sobre desvio de recursos, evidencia um governo desconectado das urgências sociais e comprometido apenas com interesses obscuros.
Um presente envenenado para a sociedade
A Operação Krampus, conduzida pelo Gaeco do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), revelou que a decoração — que deveria se estender a quatro pontos da cidade — foi limitada à Esplanada, enquanto os custos aumentaram de forma injustificável. Dos R$ 14,3 milhões desembolsados, mais de R$ 6 milhões são apontados como superfaturamento. Para piorar, há fortes indícios de que a instituição contratada, a Associação Amigos do Futuro, seja uma entidade de fachada.
Ao invés de atender demandas básicas em áreas como saúde, educação, segurança, infraestrutura e transporte, o Governo do Distrito Federal (GDF) escolheu canalizar recursos públicos para um evento que beneficia apenas uma pequena elite empresarial e burocrática. Enquanto isso, milhares de brasilienses enfrentam deficiências crônicas no acesso a serviços essenciais.
Prioridades invertidas
A justificativa da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF — de que o evento gerou “impactos positivos” para a economia local e reuniu mais de 1,2 milhão de visitantes — soa cínica diante da realidade. Em uma cidade onde moradores convivem com filas intermináveis para atendimento médico, escolas públicas sucateadas e transporte público precário, não há como justificar o desperdício de tamanha soma para um mês de festividades.
Os recursos poderiam ter sido alocados para:
- Reforma de hospitais e ampliação da rede de atendimento público de saúde. Milhões sofrem sem acesso a cuidados médicos adequados, enquanto leitos permanecem insuficientes. Os cidadãos que dependem do sistema público frequentemente enfrentam longas filas e esperam meses por atendimentos e exames essenciais.
- Melhoria nas escolas públicas. Professores enfrentam salários baixos e falta de material pedagógico, prejudicando a formação das próximas gerações.
- Investimentos em segurança pública. Moradores convivem diariamente com o medo da violência em uma cidade que carece de mais policiamento devido ao seu crescimento. A insegurança é um problema alarmante, especialmente para as populações mais humildes, deixando os cidadãos com medo de sair de suas casas.
- Cuidados com a limpeza das ruas. Em vários pontos do DF a coleta de lixo tem sido irregular, o que contribui para o aumento da sujeira, da poluição nas ruas, do entupimento de bueiros e do aumento de ratos e baratas
- Infraestura nas nossas vias e calçadas. As ruas esburacadas e calçadas sem acessibilidade por toda a cidade dificultam a mobilidade e colocam em risco a segurança dos motoristas e pedestres.
Todo esse descaso tem gerado revolta e desespero entre a população, que se sente abandonada pelo poder público.
Pátina de glamour, alicerce de corrupção
Não é a primeira vez que a decoração natalina de Brasília é alvo de polêmicas. Em 2022, o evento “Brasília Iluminada” também foi denunciado por superfaturamento e irregularidades, em um esquema semelhante que também envolveu entidades de fachada. O padrão é claro: sob o pretexto de “celebração cultural”, cria-se uma cortina de fumaça para drenar recursos públicos.
O que queremos para o futuro
A população do Distrito Federal merece mais do que festas luxuosas para encobrir uma gestão ineficaz e, possivelmente, corrupta. Exigimos transparência nos gastos públicos e prioridade para as demandas reais dos cidadãos. Eventos culturais são importantes, mas não podem ser realizados às custas do bem-estar coletivo.
O governador Ibaneis Rocha e sua administração precisam ser responsabilizados pela falta de compromisso com a população e pelos danos causados ao erário. Se o Natal é um momento para celebrar valores como solidariedade e empatia, o GDF fez exatamente o oposto: transformou uma festa de luz em um símbolo de desigualdade e desrespeito.
É inaceitável que, em pleno século XXI, ainda convivamos com problemas que já deveriam ter sido resolvidos. Não estamos mais na Roma Antiga, onde governantes enganavam a população com o famoso Pão e Circo, justamente porque não havia uma fiscalização e uma comunicação atuante. Hoje, temos ferramentas e mecanismos para exigir responsabilidade e transparência. Cabe a nós, como sociedade, lutar por uma gestão pública mais eficiente, que priorize o bem-estar coletivo e não apenas interesses particulares.
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